Ponte miocárdica: o que você precisa saber?

 

Ponte miocárdica: o que você precisa saber?

 
 
 

A ponte miocárdica é uma anomalia congênita das artérias coronárias em que feixes de miocárdio envolvem um segmento de artéria coronária epicárdica. 

 

A respeito desta patologia existe uma alternativa que está incorreta:

 

A) A localização mais comum da ponte miocárdica é na artéria descendente anterior

 

B) Acomete principalmente pacientes com baixo risco para DAC; entretanto, quando sintomáticas, manifestam-se na forma de angina instável ou estável, arritmias cardíacas , IAM e morte súbita

 

C) Quanto a associação com aterosclerose, a área logo abaixo da ponte miocárdica é propensa a desenvolver doença aterosclerótica. No entanto, a área proximal à ponte é poupada

 

D) O uso de medicações cronotrópicas negativas é a primeira linha de tratamento para a ponte miocárdica.

 

RESPOSTA:

 

A ponte miocárdica é uma anomalia congênita das coronárias que acomete mais comumente a artéria descendente anterior. Nesta anomalia feixes de miocárdio envolvem um segmento de artéria coronária epicárdica, levando a compressão de um segmento na sístole ventricular, se revertendo na diástole. Acomete principalmente pacientes com baixo risco para DAC; entretanto, quando sintomáticas, manifestam-se na forma de angina instável ou estável, arritmias cardíacas , IAM e morte súbita.

É um dos principais diagnósticos diferenciais de doença arterial coronariana.

 

Geralmente é uma condição benigna mas pode estar associada a uma série de eventos graves como infarto agudo do miocárdio,arritmia e morte súbita. Seu diagnóstico clínico deve ser considerado em pacientes com dor no peito e sem fatores de risco para doenças cardiovasculares.

 

A cineangiocoronariografia é o exame padrão ouro para diagnóstico da ponte miocárdica.

Sabe-se que a área abaixo da ponte miocárdica é poupada da doença aterosclerótica, enquanto a área proximal à ponte é propícia ao desenvolvimento de aterosclerose. Distúrbios no fluxo sanguíneo contribuem para o desenvolvimento de aterosclerose no

segmento proximal da ponte, modulando a produção de substâncias vasoativas pelas células endoteliais, afetando funções celulares vasculares, como o potencial trombogênico, regulação do fluxo sanguíneo e tônus vascular.

 

No ultrassom intravascular o segmento tunelizado da artéria demonstra claramente a compressão sistólica (que pode ser excêntrica ou concêntrica) que persiste na diástole.

 

A avaliação do FFR provou ser uma ferramenta importante na avaliação fisiológica das pontes miocárdicas. Porém, recomenda-se usar com cautela . O FFR diastólico com o uso da dobutamina parece ser mais acurada quando comparada à adenosina para avaliação da ponte .

 

A angiotomografia de coronárias tornou-se uma ferramenta valiosa na análise da anatomia e patência coronariana. Estudos utilizando tomografia computadorizada para avaliar a ponte miocárdica detectaram segmentos intramiocárdicos em taxas muito mais altas do que na angiografia.

 

As manifestações clínicas dos pacientes com ponte miocárdica pode aparecer de duas maneiras:

 

1 - pela contração do miocárdio das fibras da ponte e compressão direta do segmento tunelizado; ou

2  -  por estimulação e aceleração da aterosclerose no segmento proximal à ponte miocárdica.

 

A ponte miocárdica ocorre com freqüência em pacientes com cardiomiopatia hipertrófica, com prevalência elevada (em torno de 30%).

 

Em geral, pacientes sintomáticos recebem tratamento clínico com betabloqueadores e/ou antagonistas dos canais de cálcio. Intervenção percutânea com uso de stents ou tratamento cirúrgico (miotomia ou cirurgia de revascularização miocárdica) são destinados apenas à minoria de pacientes que persistem com sintomas ou com provas funcionais positivas apesar do tratamento clínico otimizado. O uso de nitratos deve ser evitado, pois ao melhorar a contratilidade cardíaca, os nitratos pioram o grau de estreitamento sistólico da artéria coronária, podendo agravar os sintomas.

 

Portanto, resposta é letra C.

 

 

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